Esse final de semana foi marcado por um mergulho na cultura e realidade africanas, motivos de alegria e tristeza. Em meio à alegria de seus ritmos, esmorecia ao ler cada um dos dados distribuídos por todo o teto da Estação Leopoldina, durante o Back to Black. Todos traziam em suas palavras e números uma mensagem lamentável, porém real, do que aconteceu, e o que é a África hoje: um elefante negro.
A analogia das cores é clara, mas e da utilidade? Quem sabe o que fazer com a África hoje? Que atitudes estão sendo tomadas para melhorar a situação desumana em que a população daquele imenso continente se encontra? É a pobreza, a fome, a AIDS, a falta de perspectivas, de recursos, de esperança que devassam diversos países. Vê-se e se sente também carência de razão, vontade, vergonha na cara, compaixão... e o que mais, em seus irmãos?
O que vale mais hoje em dia, e desde quando? Quem mensura as necessidades e dita as prioridades desse mundo em que vivemos? No caso da África, que números querem alcançar com tantos déficits? Que interesses tão maiores que a vida de milhões de pessoas estão em jogo? Quantos mais precisarão morrer para que um rumo diferente e próspero seja dado àquela terra e a seu povo? Que iniciativas podemos ter nós, cidadãos, para ajudar? Até onde vamos deixar isso ir?
De um lado estão os países ricos, que se dizem comprometidos com o ‘desenvolvimento’ africano em meio à crise mundial, embora os amplos pacotes de estímulo econômico implementados por eles não contemplem a ajuda ao continente até 2010. De outro lado está a Igreja, que condena o uso da camisinha e recomenda abstinência sexual como a melhor forma de prevenção da AIDS. Bento XVI, em visita à África este ano, disse que a solução para este problema estaria no "despertar espiritual e humano" e na "amizade por aqueles que sofrem". Pasmem.
Em meio a isso tudo, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka, como interlocutor das causas africanas diante o mundo, com tom pessimista clama por ajuda e respeito. Dois exemplos que eles precisam: mais de mais de quatro milhões de crianças morrem todos os anos na África Subsaariana. Nessa região, 45% dos recém-nascidos não superam nem as primeiras 24 horas de vida. Na África do Sul a cada cinco pessoas, uma é soro-positiva. E mil pessoas morrem diariamente vítimas da doença no país. São 5,7 milhões de infectados num total de 46 milhões de doentes no mundo inteiro. É muita coisa! - um oitavo só num território...
Outra questão reivindicada é a climática. Os países pobres querem que sejam assumidas metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases do efeito estufa e que transfiram dinheiro e tecnologia para atenuar as mudanças sentinas nas nações em desenvolvimento. 67 bilhões de dólares por ano foi a quantia requerida para amenizar os efeitos do aquecimento global no mais pobre dos continentes. Seria pedir demais depois de tanto lucro já obtido em cima da miséria e impossibilidade alheia? Eles passam por isso, há tempos.
Os países pobres deverão sofrer com mais de 90% dos efeitos humanos e econômicos da mudança climática, embora os 50 países mais pobres do mundo tenham contribuído com menos de 1 por cento das emissões globais de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa. A África deve ser a região mais atingida por secas, inundações, ondas de calor e elevação do nível dos mares caso a mudança climática não seja controlada.
Este ano, quinze anos após o genocídio em solo africano de 94, com cerca de um milhão de pessoas assassinadas em três meses por questões de etnia (tutsis, em sua maioria), autoridades ainda buscam justiça. Segundo inquérito do governo de Ruanda, os hutus, principais rivais tutsi, teriam recebido ajuda francesa na época. Além da denúncia de entrega de armas, o relatório também acusa militares franceses de terem matado membros da minoria tutsi durante o massacre. Depois da escravidão, essa foi a segunda maior dizimação de negros da História.
Ano que vem tem copa, e na África (do Sul)! Será o futebol então capaz de, além de entreter, chamar a atenção para essas questões esquecidas e deixadas de lado pelo resto do mundo até então? Em 2010 o gigante então estará à tona, à frente das noticiais internacionais, com os holofotes voltados para si. Espero que não precisem turistas estrangeiros se contaminar com AIDS, crianças se prostituírem, ou coisa pior (e ainda tem?), para que as questões do gigante sejam abordadas como devem, e sua importância não fique banalizada, deixada pra trás - até quando?
A analogia das cores é clara, mas e da utilidade? Quem sabe o que fazer com a África hoje? Que atitudes estão sendo tomadas para melhorar a situação desumana em que a população daquele imenso continente se encontra? É a pobreza, a fome, a AIDS, a falta de perspectivas, de recursos, de esperança que devassam diversos países. Vê-se e se sente também carência de razão, vontade, vergonha na cara, compaixão... e o que mais, em seus irmãos?
O que vale mais hoje em dia, e desde quando? Quem mensura as necessidades e dita as prioridades desse mundo em que vivemos? No caso da África, que números querem alcançar com tantos déficits? Que interesses tão maiores que a vida de milhões de pessoas estão em jogo? Quantos mais precisarão morrer para que um rumo diferente e próspero seja dado àquela terra e a seu povo? Que iniciativas podemos ter nós, cidadãos, para ajudar? Até onde vamos deixar isso ir?
De um lado estão os países ricos, que se dizem comprometidos com o ‘desenvolvimento’ africano em meio à crise mundial, embora os amplos pacotes de estímulo econômico implementados por eles não contemplem a ajuda ao continente até 2010. De outro lado está a Igreja, que condena o uso da camisinha e recomenda abstinência sexual como a melhor forma de prevenção da AIDS. Bento XVI, em visita à África este ano, disse que a solução para este problema estaria no "despertar espiritual e humano" e na "amizade por aqueles que sofrem". Pasmem.
Em meio a isso tudo, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka, como interlocutor das causas africanas diante o mundo, com tom pessimista clama por ajuda e respeito. Dois exemplos que eles precisam: mais de mais de quatro milhões de crianças morrem todos os anos na África Subsaariana. Nessa região, 45% dos recém-nascidos não superam nem as primeiras 24 horas de vida. Na África do Sul a cada cinco pessoas, uma é soro-positiva. E mil pessoas morrem diariamente vítimas da doença no país. São 5,7 milhões de infectados num total de 46 milhões de doentes no mundo inteiro. É muita coisa! - um oitavo só num território...
Outra questão reivindicada é a climática. Os países pobres querem que sejam assumidas metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases do efeito estufa e que transfiram dinheiro e tecnologia para atenuar as mudanças sentinas nas nações em desenvolvimento. 67 bilhões de dólares por ano foi a quantia requerida para amenizar os efeitos do aquecimento global no mais pobre dos continentes. Seria pedir demais depois de tanto lucro já obtido em cima da miséria e impossibilidade alheia? Eles passam por isso, há tempos.
Os países pobres deverão sofrer com mais de 90% dos efeitos humanos e econômicos da mudança climática, embora os 50 países mais pobres do mundo tenham contribuído com menos de 1 por cento das emissões globais de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa. A África deve ser a região mais atingida por secas, inundações, ondas de calor e elevação do nível dos mares caso a mudança climática não seja controlada.
Este ano, quinze anos após o genocídio em solo africano de 94, com cerca de um milhão de pessoas assassinadas em três meses por questões de etnia (tutsis, em sua maioria), autoridades ainda buscam justiça. Segundo inquérito do governo de Ruanda, os hutus, principais rivais tutsi, teriam recebido ajuda francesa na época. Além da denúncia de entrega de armas, o relatório também acusa militares franceses de terem matado membros da minoria tutsi durante o massacre. Depois da escravidão, essa foi a segunda maior dizimação de negros da História.
Ano que vem tem copa, e na África (do Sul)! Será o futebol então capaz de, além de entreter, chamar a atenção para essas questões esquecidas e deixadas de lado pelo resto do mundo até então? Em 2010 o gigante então estará à tona, à frente das noticiais internacionais, com os holofotes voltados para si. Espero que não precisem turistas estrangeiros se contaminar com AIDS, crianças se prostituírem, ou coisa pior (e ainda tem?), para que as questões do gigante sejam abordadas como devem, e sua importância não fique banalizada, deixada pra trás - até quando?
*Mais sobre a África nos bons textos do blog Grazazá (da amiga e historiadora Graziele Saraiva):
A Abolição da Escravatura (13/05/09)
A Epidemia da qual não se fala (11/05/09)
O Papa na África (20/03/09)
Racismo e Xenofobia na Europa (12/02/09)
Condenado o Algoz de Ruanda (06/01/09)
A equipe do Grazazá agradece a referência e informa que por algum motivo o link tá quebrado, não direciona. Tenta incluí-lo de novo
ReplyDeletehttp://grazaza.blogspot.com/search/label/%C3%81FRICA
...hihi_Forte abraço amiga Jones