Não, esse texto em nada tem a ver com essa política, adotada pelas oligarquias estaduais e o governo federal durante a República Velha aqui no Brasil. Inclusive, nessa época em que eram privilegiados os estados de São Paulo e Minas Gerais na sucessão presidencial (e esse nome faz alusão aos produtos fortes de suas economias), o tema de meu post não era visto com bons olhos. E hoje, ainda é?
Estamos numa era livre de descriminação racial, desse preconceito infundado e absurdo? O assunto sobre o qual vou tratar agora, acreditem, ainda gera polêmica e (lamento se) assombra algumas pessoas – não por elas, mas por quem sofre de verdade com isso e é afetado injustamente por tamanha ignorância e desrespeito. Apesar das grandes possibilidades, tratando-se de um país multiétnico como o nosso, e da notável vontade de amor livre inter-racial, há quem torça o nariz por esta união.
Esse encontro acontece desde que o mundo é mundo. E aqui, em especial, tem-se registros históricos de que a mistura dá certo, é desejada e caracterizou nosso povo como mestiço. Todos sabem da atração entre brancos e negros, por exemplo. Não há como negar que ela existe e é forte - vende muito, inclusive, em filmes adultos tal temática. Muita gente gosta... (de fazer, de experimentar, de ver, de ser, de ousar, de chocar, de vencer - o racismo, no caso).
Começa hoje no Rio um festival interessante, que traz à tona discussões importantes e artistas do Continente Negro para se apresentarem em três dias aqui, junto a músicos locais. Gostei muito da idéia do Back 2 Black. Aliás, ainda essa semana comentei com alguns amigos que estou numa fase bem ‘Mama África’ mesmo, como só estive nos tempos de faculdade, quando estava superligada à comunidade universitária africana residente em Porto Alegre. É, voltei ao preto... mas é justamente essa a proposta, então tá tudo certo!
Engraçado isso, mas a maioria das pessoas desconhece que no sul do país a cultura negra seja também super viva – na religião, música, dança, esportes. E é, na contramão da ascendência européia que prevalece por aqueles pagos. Eu, nitidamente, sou uma que ‘fujo à regra’. Na verdade, sobressaem-se e são “vendidas” as pessoas mais ‘esteriotipadas’ de lá, como as belas (e loiras) Gisele Bündchen, Ana Hickman, Shirley Mallmann etc, mas, nós gaúchos, somos um povo de várias caras e cores.
A exemplo de minha mãe, e para o desprazer de meu pai (em sua ‘velhice’ de pensamentos ultrapassados e desditosos, embora sincera), agrada-me essa idéia de miscigenação. Gosto mesmo, assumida e despropositadamente, de graça - cheia dela, na verdade. Espero poder aproveitar ao máximo essa oportunidade de riqueza cultural, de se estar 'junto e misturado', aprender com isso vendo os resultados incríveis dessa união – como o café com leite (que eu A-D-O-R-O e só bebo assim) e, como se diz em São Paulo, ‘misturar as tintas’... Hoje, mais do que nunca, nós podemos.
*Confiram a programação completa desse evento que vai transformar a Leopoldina na mãe África carioca: http://www.backtoblackfestival.com.br/. E participem!
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