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Monday, 24 August 2009

na cama com o presidente


Quando vim morar no Rio uma das coisas que mais me chamava a atenção era a possibilidade de se passar diariamente por locais que faziam parte da História do país, de conviver normalmente, em nossos cotidianos, com os fantasmas de nossa memória nacional. Um deles foi Getúlio,

Um dia, estou eu em Copacabana e, quando olho numa daquelas plaquinhas azuis de esquina, surpreendo-me ao ver “Toneleiro”. Engraçado isso - para muitos, poderia não significar nada, mas EU ESTAVA na rua onde ocorreu o famoso atentado contra Carlos Lacerda. Para mim, era novidade! Sensação diferente essa, boa mas angustiante, de poder estar onde as coisas aconteceram. Pode-se assim, de certa forma, revive-las (nem que seja em pensamento, na memória).

Visitei também o Palácio do Catete ainda em 2004, suponho. Andei por aqueles corredores até chegar ao quarto onde, na manhã do dia 24 de agosto de 1954, o então presidente do Brasil, Getúlio Dorneles Vargas, supostamente se matou. Seu suicídio nunca foi de fato provado. Esse é um daqueles mistérios que apostaria jamais ser desvendado claramente. Foi um crime de ordem maior, com interesses de Estado envolvidos, nada fácil de ser declarado.

Hoje, em mais um dia ‘daqueles’ de um agosto marcado por fatos históricos, ouvi atenta os comentários interessantes do Boechat no rádio sobre questões de honra (algo do tipo: se hoje, a postura de Getúlio inspirasse os políticos atuais, quantos restariam? – o que já daria muito “pasto pra mula rugir” em outros campos). Depois, inesperadamente, deparei-me com informações sobre uma vedete que desconhecia até então - Virgínia Lane, na época atriz do teatro de revista. E dedico a ela esse post de hoje, que me fez mudar o rumo dessa ‘prosa’ de hoje.

23 de fevereiro de 2007, 51 anos de "viuvez", e uma boa idéia... (infame essa, mas necessária, PERFEITA!) Em entrevista que concedeu a Roberto Canázio, da Rádio Globo, ela comentários sobre marchinhas de carnaval, atração exercida sobre o público pelas pernas de vedetes, ela faz uma declaração bombástica sobre a conhecida relação amorosa que manteve com Vargas:

- Eu tive paixão por esse cara.
- E você freqüentava mesmo o Palácio do Catete?
- Você quer saber de uma coisa que vou dizer pela primeira vez. É meio perigoso... Eu estava na cama com ele quando entraram e o mataram. Ele foi assassinado, meu filho! Quando ouviu o barulho de gente entrando no quarto ele ainda chamou o Gregório Fortunato e mandou que ele me jogasse pela janela.
- Você viu o assassino?- Eram quatro homens de máscaras que atiraram nele. Dois deles ainda correram para o Jardim, tiraram minha roupa, me deixaram nua em pêlo e disseram "vai, vagabunda, vai arrumar outro presidente”. Vou contar toda essa história no livro que estou escrevendo, "Sua Excelência, a vedete que viu". Sou uma testemunha viva da morte de um homem com quem não tive um casinho, não. Passei quinze anos dormindo e acordando com ele.

O nosso estadista maior, com direito a ‘culto d(e su)a personalidade’ e tudo mais, não poderia ter deixado de expandir sua grandiosidade a quem o cercou e lhe colaborou. Deu a Virgínia, o título de vedete do Brasil. Ela não perderia a oportunidade de condecora-la, e na medida do possível deixa-la à sua altura, um comandante máximo. Ela, até demorou em escrever este livro... deve estar aproveitando a 'boa maré'. O que mais tem por aí hoje no mercado editorial é gente com conteúdo para preencher (entre)linhas com fatos horizontais.

*Eu sugeriria o título deste texto, como o de seu livro. Tudo a ver com o que diz ter ocorrido, com sua posição na história política do país. Demorou, né?!

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