Você encontra um amigo que há tempos não vê, tanta coisa para contar... Esse momento em que estão juntos DEVERIA ser ótimo... Deveria? Sim, se não fosse o maldito celular!
A situação é a seguinte: vocês caminham juntos, enquanto você fala conta como está sua vida. O papo está ótimo, fluindo super bem. De repente o seu telefone toca, você pede licença e atende. É seu chefe perguntando sobre a entrega de material a um fornecedor. Passam-se alguns minutos e ‘rapidamente’ a ligação termina. Vocês retomam o assunto até que...
Infelizmente aquela ligação desencadeou a necessidade de mais duas chamadas para resolver esse probleminha que surgiu. Além de um afastamento quatro minutos na primeira, agora na segunda e na terceira você se excede e fica dezoito e doze minutos “ausente”. Ligações feitas, você pede desculpas s e então voltam à conversa.
Reparem nas expressões que usei - afastamento, ausente e voltar (à conversa). É isso mesmo, porque você SAIU dali. Poderia até estar fisicamente, mas sua alma, seus pensamentos e atenção estavam voltados ao tema discutido via qualquer operadora, com alguém que está a quilômetros de distância e você (e não mais com o infeliz amigo que esteve todos esse tempo ao seu lado).
Foram 34 minutos no mundo das idéias em um encontro de duas horas. Em mais de um quarto do tempo você só estava ali, caminhando, presencialmente. Não questiono aqui a necessidade de se usar esse recurso tão útil, nem da importância de falar com alguém do trabalho. Ponho em cheque somente a qualidade de nossa companhia em tempos tão modernos.
É estranho afirmar isso, mas boa parte de nossas vidas hoje, dividimos entre o corpo físico e o mundo das idéias – onde nosso pensamento e nossa presença de espírito estão concentrados. E nem sempre conseguimos viver intensamente, em sua totalidade o ‘aqui e agora’. Gastamos horas ao telefone, na internet, ocupados com questões distantes, além.
Lembrei agora de um dos momentos mais cruéis nessa questão toda: quando o telefone toca na hora da transa. Putz, horrível. Eu confesso que já atendi. Hoje deixaria tocando até... (aperto o ‘foda-se’!). E o parceiro, coitado, tem o direito de odiar se você se disponibilizar para “estar” em outro lugar enquanto era para estar ali, exclusivamente. Sem contar que isso broxa - seja a transa, ou a curtição de se estar com alguém que vive ocupado , em 'outro' mundo.
A tecnologia avança enlouquecidamente. Nosso comportamento muda conforme o tempo passa, seguindo o rumo das ‘coisas’. Acho somente que enquanto há consciência, que pensemos se é isso que pretendemos para nosso futuro – ficar “viajando” por aí, estando em dois ou três lugares diferentes ao mesmo tempo e não estando por inteiro em nenhum (ninguém tem esse superpoder, e nem terá).
Essa onipresença hightech me assusta e condena essa falta de apego e respeito ao presente, ao próximo.
A situação é a seguinte: vocês caminham juntos, enquanto você fala conta como está sua vida. O papo está ótimo, fluindo super bem. De repente o seu telefone toca, você pede licença e atende. É seu chefe perguntando sobre a entrega de material a um fornecedor. Passam-se alguns minutos e ‘rapidamente’ a ligação termina. Vocês retomam o assunto até que...
Infelizmente aquela ligação desencadeou a necessidade de mais duas chamadas para resolver esse probleminha que surgiu. Além de um afastamento quatro minutos na primeira, agora na segunda e na terceira você se excede e fica dezoito e doze minutos “ausente”. Ligações feitas, você pede desculpas s e então voltam à conversa.
Reparem nas expressões que usei - afastamento, ausente e voltar (à conversa). É isso mesmo, porque você SAIU dali. Poderia até estar fisicamente, mas sua alma, seus pensamentos e atenção estavam voltados ao tema discutido via qualquer operadora, com alguém que está a quilômetros de distância e você (e não mais com o infeliz amigo que esteve todos esse tempo ao seu lado).
Foram 34 minutos no mundo das idéias em um encontro de duas horas. Em mais de um quarto do tempo você só estava ali, caminhando, presencialmente. Não questiono aqui a necessidade de se usar esse recurso tão útil, nem da importância de falar com alguém do trabalho. Ponho em cheque somente a qualidade de nossa companhia em tempos tão modernos.
É estranho afirmar isso, mas boa parte de nossas vidas hoje, dividimos entre o corpo físico e o mundo das idéias – onde nosso pensamento e nossa presença de espírito estão concentrados. E nem sempre conseguimos viver intensamente, em sua totalidade o ‘aqui e agora’. Gastamos horas ao telefone, na internet, ocupados com questões distantes, além.
Lembrei agora de um dos momentos mais cruéis nessa questão toda: quando o telefone toca na hora da transa. Putz, horrível. Eu confesso que já atendi. Hoje deixaria tocando até... (aperto o ‘foda-se’!). E o parceiro, coitado, tem o direito de odiar se você se disponibilizar para “estar” em outro lugar enquanto era para estar ali, exclusivamente. Sem contar que isso broxa - seja a transa, ou a curtição de se estar com alguém que vive ocupado , em 'outro' mundo.
A tecnologia avança enlouquecidamente. Nosso comportamento muda conforme o tempo passa, seguindo o rumo das ‘coisas’. Acho somente que enquanto há consciência, que pensemos se é isso que pretendemos para nosso futuro – ficar “viajando” por aí, estando em dois ou três lugares diferentes ao mesmo tempo e não estando por inteiro em nenhum (ninguém tem esse superpoder, e nem terá).
Essa onipresença hightech me assusta e condena essa falta de apego e respeito ao presente, ao próximo.
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