Exatamente numa sexta-feira, há 40 anos, iniciava o maior festival de rock de todos os tempos: Woodstock. A Era de Aquário foi lançada lá, num clima de amistoso caos, quando mais de meio milhão de pessoas assistiu a 32 dos maiores sucessos musicais da época. O objetivo não era só ver os shows, mas também declarar a busca de igualdade, o amor ao próximo e a rejeição à guerra do Vietnã. Foram três dias de muita paz, amor e um pouquinho de sacanagem.
Na verdade sabe-se que nem tudo foi um mar de rosas. Cerca de um milhão de pessoas tentou chegar à fazenda de Max Yasgur em Woodstock, perto da localidade nova-iorquina de Bethel, mas a metade foi impossibilitada por um engarrafamento monstro. A principal rodovia vinda de Nova York foi fechada quilômetros antes, o que requeria abandono dos carros e uma longa caminhada até o local. Lá pelas tantas, os organizadores abriram mão dos 18 dólares cobrados e decretaram entrada gratuita.
Foram dez meses de planejamento, embora se tenha a impressão de que uma porção de gente apareceu para ver algumas bandas que estavam ‘na área’. Como em toda grande produção que supera – e MUITO- o público (estavam sendo aguardadas “só” 200 mil pessoas para o evento), houve problemas logísticos graves com os serviços sanitários e de alimentação. Woodstock tornou-se um ‘concerto livre’. Era tanta gente que mal se conseguia ouvir os músicos. Para piorar, choveu. O pasto virou lodo.
Mas esses problemas não foram suficientes para interferir no espírito pacifista e transgressor do movimento hippie que mostrou sua face (literalmente nua) por lá. A força da flor foi plantada no coração de um Estados Unidos dividido. O momento era de irritação, divergência entre gerações e protestos pela Guerra do Vietnã. Infelizmente estiveram ausentes o pessoal que estava servindo às forças armadas, negros e outras minorias raciais - jovens forçados a colher alface na Califórnia ou a trabalhar nas fábricas têxteis do sul rural do país.
Mesmo assim Woodstock é um mito. “Foi a realização de um sonho", como disse Michael Lang, seu organizador. Se hoje a nostalgia pelo festival soa comercial, com a intenção de a cada final de década se realizar mais algumas mega comemorações com resultados violentos, lamentavelmente é porque pouco restou de sua filosofia. Vou muito além e penso logo em recuperar e fazer ecoar os ideais que estiveram presentes na sua origem. Lembro-me dos acampamentos da juventude do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, onde vi que um Outro Mundo SERIA possível se houvesse forte, séria e intensa mobilização. Eu sei, estive lá.
Hoje, as críticas à nova e atual juventude são ácidas. Alegam que os valores antes engendrados nas manifestações culturais de ontem foram perdidos com o avanço do capital e da tecnologia (internet), que alterou seus valores. Os jovens agora estão mais indiferentes e sem compenetração humana, sem comunicação e contato pessoal. Até essência hippie soa datada, uma vez que a própria palavra remete mais ao subemprego do que à vida alternativa. E, ironicamente, o ritmo que há quarenta anos era taxado de ‘contracultura’, transformou-se em música popular mais cult, apreciada tanto por jovens quanto pelos adultos mais velhos.
Eram sonoras as bombas jogadas sob o campo colorido de LSD, maconha, batas e cabelos da juventude de Woodstock, que apontou o amor livre como saída viável ao colapso nervoso de uma América prepotente e belicista. Se o sonho acabou, pelo menos uma geração pode se orgulhar de dizer que, há 40 anos, sonhou (ou será que ainda sonha? Afinal, estudos comprovam que esses filhos do baby-boom continuam se drogando enquanto envelhecem, e que, devido aos estimulantes, ainda tem uma vida sexual ativíssima).
Na verdade sabe-se que nem tudo foi um mar de rosas. Cerca de um milhão de pessoas tentou chegar à fazenda de Max Yasgur em Woodstock, perto da localidade nova-iorquina de Bethel, mas a metade foi impossibilitada por um engarrafamento monstro. A principal rodovia vinda de Nova York foi fechada quilômetros antes, o que requeria abandono dos carros e uma longa caminhada até o local. Lá pelas tantas, os organizadores abriram mão dos 18 dólares cobrados e decretaram entrada gratuita.
Foram dez meses de planejamento, embora se tenha a impressão de que uma porção de gente apareceu para ver algumas bandas que estavam ‘na área’. Como em toda grande produção que supera – e MUITO- o público (estavam sendo aguardadas “só” 200 mil pessoas para o evento), houve problemas logísticos graves com os serviços sanitários e de alimentação. Woodstock tornou-se um ‘concerto livre’. Era tanta gente que mal se conseguia ouvir os músicos. Para piorar, choveu. O pasto virou lodo.
Mas esses problemas não foram suficientes para interferir no espírito pacifista e transgressor do movimento hippie que mostrou sua face (literalmente nua) por lá. A força da flor foi plantada no coração de um Estados Unidos dividido. O momento era de irritação, divergência entre gerações e protestos pela Guerra do Vietnã. Infelizmente estiveram ausentes o pessoal que estava servindo às forças armadas, negros e outras minorias raciais - jovens forçados a colher alface na Califórnia ou a trabalhar nas fábricas têxteis do sul rural do país.
Mesmo assim Woodstock é um mito. “Foi a realização de um sonho", como disse Michael Lang, seu organizador. Se hoje a nostalgia pelo festival soa comercial, com a intenção de a cada final de década se realizar mais algumas mega comemorações com resultados violentos, lamentavelmente é porque pouco restou de sua filosofia. Vou muito além e penso logo em recuperar e fazer ecoar os ideais que estiveram presentes na sua origem. Lembro-me dos acampamentos da juventude do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, onde vi que um Outro Mundo SERIA possível se houvesse forte, séria e intensa mobilização. Eu sei, estive lá.
Hoje, as críticas à nova e atual juventude são ácidas. Alegam que os valores antes engendrados nas manifestações culturais de ontem foram perdidos com o avanço do capital e da tecnologia (internet), que alterou seus valores. Os jovens agora estão mais indiferentes e sem compenetração humana, sem comunicação e contato pessoal. Até essência hippie soa datada, uma vez que a própria palavra remete mais ao subemprego do que à vida alternativa. E, ironicamente, o ritmo que há quarenta anos era taxado de ‘contracultura’, transformou-se em música popular mais cult, apreciada tanto por jovens quanto pelos adultos mais velhos.
Eram sonoras as bombas jogadas sob o campo colorido de LSD, maconha, batas e cabelos da juventude de Woodstock, que apontou o amor livre como saída viável ao colapso nervoso de uma América prepotente e belicista. Se o sonho acabou, pelo menos uma geração pode se orgulhar de dizer que, há 40 anos, sonhou (ou será que ainda sonha? Afinal, estudos comprovam que esses filhos do baby-boom continuam se drogando enquanto envelhecem, e que, devido aos estimulantes, ainda tem uma vida sexual ativíssima).
Sexo, drogas e rock n' roll seguem com tudo. Uhu!
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