Muita gente pode nem saber, mas é Burle Marx o responsável pela sensualidade de Copacabana. Não a comportamental, que fique BEM claro, mas a de suas curvas sinuosas paralelas ao mar. A idéia do formato de ondas não foi dele, veio em 1906 com os calceteiros lisboetas trazidos para construir uma rua onde antes era só areial.
Foi Pereira Passos, um engenheiro, então prefeito da capital brasileira da época, o Rio de Janeiro, o responsável pela construção da Avenida Atlântica. Essa obra, que deixou mais charmosa a cidade mais bonita do país, daria ainda cara ao bairro e à praia mais conhecidos do mundo, eternizando-os.
As pedrinhas portuguesas são símbolo carioca até hoje, embelezando e, quando mal conservadas suas calçadas, torcendo muitos pés e tornozelos por aqui. Sobre isso, uma observação: Não sei se estou completamente certa, mas na minha opinião, é por causa delas que as moças da Zona Sul usam tanto sandálias do tipo ‘rasteirinhas’.
Até meados dos anos 30, a tão glamurosa orla de Copacabana tinha em seu calçamento um mosaico com curvas perpendiculares à costa. Esse desenho, inspirado no “Grande Mar”, do Largo do Rossio, em Lisboa, foi refeito paralelo à praia após uma ressaca que danificou boa parte do piso. Mas foi nos anos 70 que ganhou mais realce, com o alargamento das pistas e da calçada, e da extensão da areia.
A versão atual, feita por Burle Marx a partir das curvas originais, tem uma estilização mais flexuosa. Ele uniformizou a orientação das ondas, ampliando seu tamanho, fazendo-as condizentes com a (agora) maior largura do calçadão e da nova faixa central. Acrescentou ainda à calcita branca e ao basalto negro, originalmente lusitanos, o basalto vermelho no vão junto aos prédios, numa concepção urbanística maestral.
Contemplei até agora somente o lado mais arquitetônico do distinto paisagista, um dos maiores do nosso século, senão o melhor. Em diversas praças, prédios e parques no Brasil e no exterior seus jardins podem ser apreciados, visitados. Em seu ‘currículo’, até nosso mais reconhecido cartão-postal, estão o paisagismo da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (atual UFRJ), do Aeroporto de Pampulha em Belo Horizonte, do Museu de Arte Moderna do Rio, do Eixo Monumental de Brasília e do Aterro do Flamengo, do edifício sede da Petrobrás no Rio e da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
No início desse mês comemorou-se o centenário do nascimento desse exímio artista, imortalizado por suas obras, pelo colorido de seus jardins. Infelizmente os jardins de hoje, em diferentes lugares, especialmente em muitos dos países ‘desenvolvidos’, não tem tanto verde, onde prevalece o cinza do concreto. É a babilônia contra a sutileza e a força da natureza, defendidas por esse descendente distante de Marx – sim, ta aí mais uma coisa que muitos não deveria nem supor.
Hoje, esse poeta dos espaços, o ‘paisa-artista’ que é o (mas não tem o reconhecimento de...) Oscar Niemeyer dos jardins, está mais na moda - tanto, que até sua onda, tema de alguns de seus jardins e do mais famoso calçadão do mundo, foi suspensa, projetada na roda-gigante de Copacabana – como se vê na foto que ilustra esse texto. A cidade-babilônia fica, literalmente, a seus pés. Presto aqui minha homenagem.
*E fica minha promessa de conhecer seu sítio, em Barra de Guaratiba (aliás, uma VERGONHA eu ainda não ter ido lá numa tarde de um final de semana qualquer! Alguém se candidata a me fazer companhia nesse passeio?).
Foi Pereira Passos, um engenheiro, então prefeito da capital brasileira da época, o Rio de Janeiro, o responsável pela construção da Avenida Atlântica. Essa obra, que deixou mais charmosa a cidade mais bonita do país, daria ainda cara ao bairro e à praia mais conhecidos do mundo, eternizando-os.
As pedrinhas portuguesas são símbolo carioca até hoje, embelezando e, quando mal conservadas suas calçadas, torcendo muitos pés e tornozelos por aqui. Sobre isso, uma observação: Não sei se estou completamente certa, mas na minha opinião, é por causa delas que as moças da Zona Sul usam tanto sandálias do tipo ‘rasteirinhas’.
Até meados dos anos 30, a tão glamurosa orla de Copacabana tinha em seu calçamento um mosaico com curvas perpendiculares à costa. Esse desenho, inspirado no “Grande Mar”, do Largo do Rossio, em Lisboa, foi refeito paralelo à praia após uma ressaca que danificou boa parte do piso. Mas foi nos anos 70 que ganhou mais realce, com o alargamento das pistas e da calçada, e da extensão da areia.
A versão atual, feita por Burle Marx a partir das curvas originais, tem uma estilização mais flexuosa. Ele uniformizou a orientação das ondas, ampliando seu tamanho, fazendo-as condizentes com a (agora) maior largura do calçadão e da nova faixa central. Acrescentou ainda à calcita branca e ao basalto negro, originalmente lusitanos, o basalto vermelho no vão junto aos prédios, numa concepção urbanística maestral.
Contemplei até agora somente o lado mais arquitetônico do distinto paisagista, um dos maiores do nosso século, senão o melhor. Em diversas praças, prédios e parques no Brasil e no exterior seus jardins podem ser apreciados, visitados. Em seu ‘currículo’, até nosso mais reconhecido cartão-postal, estão o paisagismo da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (atual UFRJ), do Aeroporto de Pampulha em Belo Horizonte, do Museu de Arte Moderna do Rio, do Eixo Monumental de Brasília e do Aterro do Flamengo, do edifício sede da Petrobrás no Rio e da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
No início desse mês comemorou-se o centenário do nascimento desse exímio artista, imortalizado por suas obras, pelo colorido de seus jardins. Infelizmente os jardins de hoje, em diferentes lugares, especialmente em muitos dos países ‘desenvolvidos’, não tem tanto verde, onde prevalece o cinza do concreto. É a babilônia contra a sutileza e a força da natureza, defendidas por esse descendente distante de Marx – sim, ta aí mais uma coisa que muitos não deveria nem supor.
Hoje, esse poeta dos espaços, o ‘paisa-artista’ que é o (mas não tem o reconhecimento de...) Oscar Niemeyer dos jardins, está mais na moda - tanto, que até sua onda, tema de alguns de seus jardins e do mais famoso calçadão do mundo, foi suspensa, projetada na roda-gigante de Copacabana – como se vê na foto que ilustra esse texto. A cidade-babilônia fica, literalmente, a seus pés. Presto aqui minha homenagem.
*E fica minha promessa de conhecer seu sítio, em Barra de Guaratiba (aliás, uma VERGONHA eu ainda não ter ido lá numa tarde de um final de semana qualquer! Alguém se candidata a me fazer companhia nesse passeio?).
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