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Saturday, 4 April 2009

macaca


Assim sempre fui chamada. Todos somos, na verdade. Não tem jeito! Desde a infância, os gremistas insistem em nos apelidar desta maneira pejorativa. E isso acontece ainda hoje, mesmo com a (in?)consciência de ser esse um termo politicamente incorreto e infeliz.

Hoje é centenário do colorado campeão. Motivos temos de sobra para comemorar, para se orgulhar - dos anos de aperto aos momentos de glória. Confesso que não sou a torcedora mais fervorosa (nunca fui), mas fico chuleando sempre para meu time ganhar. Normal. Posso dizer que com a exceção do meu tio mais novo e de minha irmã, minha família toda é colorada. Meu pai é gremista, mas não é dele a minha referência de futebol.

Em minhas lembranças de menina tenho as ruas do Menino Deus tomadas por quem estava à caminho do Gigante da Beira-Rio, as torcidas organizadas que passavam em frente ao meu prédio e me faziam correr para a janela, o canto do bêbado do bairro que antecipava as partidas e só voltava a se ouvir (caso o Inter ganhasse) na terça feira - era o tempo de ele se recompor do trago e voltar à ativa feliz da vida *(fiquei curiosa agora para saber se ele ainda (r)existe... vou perguntar à minha mãe amanhã com certeza!), a memória do estádio dos Eucaliptos, uma maré vermelha e branca gritando "Ah, eu sou gaúcho!".

Não sei se tive uniforme quando bebê, então creio que minha primeira camiseta do Inter tenha sido a que eu ganhei do Fedê quando eu tinha uns 12 anos, e que tenho até hoje. É uma relíquia dos anos 80, que tem meu número da sorte estampado nas costas, oito. Ganhei a segunda do meu padrasto nesse verão (a prova de que nunca fui muito ligada nisso) - uma regatinha bem transada que é um híbrido moderna-retrô. Tive alguns acessórios nesse meio tempo, claro - meias, ímãs e chaveirinhos com o mascote do time (o simpático saci), etc.

Todas as minhas casas sempre tiveram símbolos indicando que ali morava uma colorada feliz. Hoje tenho em cada cômodo pelo menos um brasão do timão. Para minha surpresa (e alegria da família), ando bem a fim de investir mais num guarda-roupa colorado e em outros souvenirs.

A rivalidade entre Grêmio e Inter é uma das maiores do mundo. Para se ter idéia, Porto Alegre é o único lugar do país onde se vêem bandeirinhas azuis do PT em época de eleição, símbolo do Banrisul em vermelho e da Coca-Cola em azul. Ninguém entra de azul no Beira-Rio e de vermelho no Olímpico. Recordo dos nostálgicos "conflitos" moquenses entre as fámílias Freitas (gremista) e Lima (colorada) em dias de Grenal que ecoavam pela vizinhança.

Hoje, minha nova família aqui no Rio é composta por uma maioria de gaúchos, e adivinhem?! São todos super fanáticos por futebol! - o que faz com que nunca se percam os laços, a paixão e a implicância com o Grêmio. Tem coisas que são culturais e difíceis de compreender. Uma delas é justamente essa bipolaridade da tradição gaúcha. Lá é 08 ou 80, Chimango ou Maragato, PT ou Anti-PT, Inter X Grêmio.

As pessoas aqui no Rio não entendem... acham que a rixa entre o Flamengo e qualquer um dos outros três grandes times daqui se compara ao que acontece no Rio Grande. Sem noção. Acho engraçado quando às vezes me perguntam para qual time carioca eu torço. "Sou colorada", retruco. Garanto que a resposta seria a mesma tratando-se de um gremista. Podemos até simpatizar com algum time local, mas não tem essa de trocar de time ao se mudar de cidade/estado/país/planeta. E não teria como ser diferente: meu time é 'internacional' MESMO, ganhou todos os compeonatos possíveis para um time brasileiro.

Podem gastar o quanto quiserem por aí em cartões de crédito, mas ser um colorado feliz e orgulhoso, não tem preço!

3 comments:

  1. Querida Vavá, lembrei muito da minha infância a ler a sua história, que por sinal eu tb faço parte dela. Quero que tenha a certeza que todos nós, colorados quanto os gremistas da mocca, sentimos muita saudade daquele tempo. Quem não lembra do Antônio ( o bêbado ) figura impar que passava pela Silveiro cantando com a maior alegria do mundo " meu coração é vermelho....", dos gritos da família Freitas vindo da parte frontal do prédio, pegando eco pelos Ball no meio e sendo rebatidas com toda força dos colorados dos Lima que ficavam no bloco do fundo.... velhos tempos...... saudade

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  2. hahahha....ng entende mesmo...naum trocamos e time, naum esquecemos as tradições, e cultivamos nossa cultura...em especial a de frequentar as casas das pessoas, hábito não comum aqui, como tu dissestes num post teu!!!
    tô adorando!!! hahahah

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  3. Não tem preço mesmo!
    E tb me perguntam qual meu time aqui no Rio!
    Hehehehhehe...
    vamooooooooo Inter!

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