Alguns criticam a determinação de hoje, dia 20 de novembro, ser feriado. Por quê? Bem, num país de maioria negra, e racista (o que é uma incoerência) talvez muitos não achem certo termos um dia dedicado a um herói dessa raça, ou mais: à consciência dela.
Pois bem, eu acho justo. Temos feriados de Tiradentes e outros tantos católicos, ovacionando santos e datas que de repente não façam tanto sentido à população quanto à luta pelos seus, por sua dignidade e respeito. Então, por que não poderíamos ter um feriado como o de hoje?
Independente de qualquer gracinha sobre a sexualidade desse líder, ele segue como um dos mártires brasileiros. NADA nesse tom iria desmerecer sua bravura e sua História. Para entendermos como se deu sua trajetória, vou contá-la como é citada em alguns sites, e com uma intro da canção de Benjor homônima, uma de minhas preferidas:
Zumbi é senhor das guerras
É senhor das demandas
Quando Zumbi chega
Zumbi é quem manda
Neto de Aqualtune, princesa congolesa que foi vendida como escrava, Zumbi nasceu em um dos mocambos de Palmares em 1655. Entregue aos seis anos ao padre jesuíta português António Melo, foi rebatizado “Francisco” e recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim.
Cerca de 10 anos depois, fugiu e voltou a Palmares. Em pouco tempo ele se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando completou 20 anos. Foi nessa época, em 1678, que o então governador da Capitania de Pernambuco ofereceu um acordo a Ganga Zumba, tio de Zumbi e líder dos Palmares.
A liberdade de todos os escravos fugidos estava garantida se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa. Ganga Zumba aceitou a proposta, mas Zumbi não, e desafiou a autoridade do tio. Prometendo manter a luta à Coroa, Zumbi tornou-se o novo líder dos quilombolas. Outros historiadores defendem a tese de que a passagem de comando deu-se de forma natural já que em muitas tribos africanas, a sucessão era de tio para sobrinho e não de pai para filho.
Os quilombos eram povoados de resistência e seguiam os moldes organizacionais da república. Entretanto, alguns historiadores defendem que muitos quilombos, inclusive o de Palmares apresentava uma certa hierarquia monárquica, semelhante ao modelo tribal de muitos povos africanos. A palavra quilombo, que tem origem da língua dos povos Bantos que habitam a região de Angola, designava um acampamento utilizado por populações nômades ou em deslocamento.
O quilombo dos Palmares localizava-se na Serra da Barriga, no Estado de Alagoas. Estima-se que tenha sido fundado 1580, por escravos fugitivos de engenhos das Capitanias de Pernambuco e da Bahia. Formado por inúmeras vilas ou mocambos – espécies de cidades cercadas, como as da idade média – o quilombo dos Palmares chegou a ter cerca de 20 mil habitantes.
Zumbi liderou Palmares por 15 anos, até que em seis de fevereiro de 1694, a capital de Palmares, o mocambo do Macaco, foi destruída pelo grupo liderado pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Tal ataque e destruição do quilombo já haviam sido combinado entre o bandeirante e o governo de Pernambuco um ano antes.
No confronto, Zumbi foi ferido, mas conseguiu refugiar-se nas matas. Pouco se sabe sobre os quase dois anos que Zumbi passou refugiado. Estima-se que, em companhia de outros negros, tenha tentado erguer um novo quilombo, como o de Palmares, mas sem sucesso. Em 20 de novembro de 1695, foi encurralado e morto pelo capitão Furtado de Mendonça em seu esconderijo, provavelmente localizado na Serra Dois Irmãos, onde hoje é o Ceará.
Zumbi teve sua cabeça cortada e entregue ao governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, que comentou o fato com o Rei em uma carta: “Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares.”
Apesar das tentativas da Coroa Portuguesa, a figura de Zumbi dos Palmares continuou cercada de misticismo e bravura, e ainda hoje é cultuada e tida como mártir dos abolicionistas. Tanto, que em 1995 determinou-se feriado o dia 20 de novembro por ocasião dos 300 anos de sua morte. Hoje é o dia da Consciência Negra. Pense a respeito.
Pois bem, eu acho justo. Temos feriados de Tiradentes e outros tantos católicos, ovacionando santos e datas que de repente não façam tanto sentido à população quanto à luta pelos seus, por sua dignidade e respeito. Então, por que não poderíamos ter um feriado como o de hoje?
Independente de qualquer gracinha sobre a sexualidade desse líder, ele segue como um dos mártires brasileiros. NADA nesse tom iria desmerecer sua bravura e sua História. Para entendermos como se deu sua trajetória, vou contá-la como é citada em alguns sites, e com uma intro da canção de Benjor homônima, uma de minhas preferidas:
Zumbi é senhor das guerras
É senhor das demandas
Quando Zumbi chega
Zumbi é quem manda
Neto de Aqualtune, princesa congolesa que foi vendida como escrava, Zumbi nasceu em um dos mocambos de Palmares em 1655. Entregue aos seis anos ao padre jesuíta português António Melo, foi rebatizado “Francisco” e recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim.
Cerca de 10 anos depois, fugiu e voltou a Palmares. Em pouco tempo ele se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando completou 20 anos. Foi nessa época, em 1678, que o então governador da Capitania de Pernambuco ofereceu um acordo a Ganga Zumba, tio de Zumbi e líder dos Palmares.
A liberdade de todos os escravos fugidos estava garantida se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa. Ganga Zumba aceitou a proposta, mas Zumbi não, e desafiou a autoridade do tio. Prometendo manter a luta à Coroa, Zumbi tornou-se o novo líder dos quilombolas. Outros historiadores defendem a tese de que a passagem de comando deu-se de forma natural já que em muitas tribos africanas, a sucessão era de tio para sobrinho e não de pai para filho.
Os quilombos eram povoados de resistência e seguiam os moldes organizacionais da república. Entretanto, alguns historiadores defendem que muitos quilombos, inclusive o de Palmares apresentava uma certa hierarquia monárquica, semelhante ao modelo tribal de muitos povos africanos. A palavra quilombo, que tem origem da língua dos povos Bantos que habitam a região de Angola, designava um acampamento utilizado por populações nômades ou em deslocamento.
O quilombo dos Palmares localizava-se na Serra da Barriga, no Estado de Alagoas. Estima-se que tenha sido fundado 1580, por escravos fugitivos de engenhos das Capitanias de Pernambuco e da Bahia. Formado por inúmeras vilas ou mocambos – espécies de cidades cercadas, como as da idade média – o quilombo dos Palmares chegou a ter cerca de 20 mil habitantes.
Zumbi liderou Palmares por 15 anos, até que em seis de fevereiro de 1694, a capital de Palmares, o mocambo do Macaco, foi destruída pelo grupo liderado pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Tal ataque e destruição do quilombo já haviam sido combinado entre o bandeirante e o governo de Pernambuco um ano antes.
No confronto, Zumbi foi ferido, mas conseguiu refugiar-se nas matas. Pouco se sabe sobre os quase dois anos que Zumbi passou refugiado. Estima-se que, em companhia de outros negros, tenha tentado erguer um novo quilombo, como o de Palmares, mas sem sucesso. Em 20 de novembro de 1695, foi encurralado e morto pelo capitão Furtado de Mendonça em seu esconderijo, provavelmente localizado na Serra Dois Irmãos, onde hoje é o Ceará.
Zumbi teve sua cabeça cortada e entregue ao governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, que comentou o fato com o Rei em uma carta: “Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares.”
Apesar das tentativas da Coroa Portuguesa, a figura de Zumbi dos Palmares continuou cercada de misticismo e bravura, e ainda hoje é cultuada e tida como mártir dos abolicionistas. Tanto, que em 1995 determinou-se feriado o dia 20 de novembro por ocasião dos 300 anos de sua morte. Hoje é o dia da Consciência Negra. Pense a respeito.
Salve, Zumbi!
No comments:
Post a Comment