Hoje é feriado na querência amada. Dia para se comemorar a Revolução Farroupilha, motivo de orgulho no pago. As bailantas já começaram faz tempo no Parque Harmonia, em Porto Alegre, pois é em uma semana inteira que festejam os farrapos.
Há muito que não sou mais a gaúcha que sempre fui, patriota, bairrista... o sotaque, então, há tempos não carrego nos 's' e o 'tu' agora nem sempre sai com tanta naturalidade. Claro que nunca irei deixar de ser colorada, de soltar um 'bah' que outro, ou até um 'tchê' de indignação, mas a frequêcia com que isso acontece vai diminuindo proporcionalmente ao meu tempo de estrangeira.
Hoje mesmo, no almoço, falamos sobre esse comportamento tão nobre, ao meu ver, de trazer consigo, aonde quer que se vá, o amor pela terra, sua tradição. Nós, gaúchos, temos isso mais forte que qualquer paulista, carioca, baiano ou mineiro. Não adianta. É uma cultura que está enraizada, que nos é passada na infância querida e que exercemos com o passar dos anos no núcleo familiar, na escola, trabalho e até nas mesas de bar.
Vejo feliz as incontáveis bandeirinhas do Rio Grande coladas nos carros, espalhadas pelo Brasil. Para ser BEM sincera, desconheço a de qualquer outro estado, e aposto que as próprias pessoas naturais deles também. Outro exemplo disso é o hino. Nunca cantei o hino nacional sem na sequência vir o nosso. Aposto com quem quer que seja que pelo menos uma estrofe do Hino Rio Grandense qualquer gaúcho lembra. E o do Rio de Janeiro, que já foi capital nacional, alguém conhece?
Essa é a diferença, eu acho. A disciplina, a educação, o rigor em se trasmitir o que é nosso, socializar as tradições, imortalizá-las, de pai pra filho. O que o meu me ensinou? A gostar de tango, de música em castelhano, de cavalos, de jogatinas, da liberdade de sentir o vento no rosto e ganhar a vida pelos campos, estradas.
Muitos não sabem de nossa história, mas o verdadeiro gaúcho é aquele que desgarra. E os ventos os levam para onde for, pelos pampas afora. Tem CTG em tudo o que é lugar do mundo para não me deixar mentir. E nossa tragetória pode ser melhor compreendida pelas palavras de Érico Veríssimo no inesquecível (e insuperável) romance O Tempo e o Vento, um marco de nossa literatura nacional, uma paixão pessoal, que me inspira até hoje.
Sempre vi um certo capitão Rodrigo em meu pai e sei que tem um quê de Ana Terra em mim. Amo, e ninguém me tira isso. São os ventos desgarrados que sopram, carregados de saudades, e que por isso não nos deixam esquecer... Já dizia Barbará: viram copos, viram mundos, mas o que foi, nunca mais será. Nunca mais. Hoje minha realidade é outra: sou QUASE uma carioca já.
"...é o meu Rio Grande do Sul, céu, sol, Sul, terra e flor....onde tudo que se planta cresce e o que mais florece é o amor..." pra sempre gaúcha...pra sempre gremista!rsrsrsrsr
ReplyDeleteParabéns a nossa cultura!
Angela/RS/RJ