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Saturday, 11 July 2009

ar superficial


Fiquei surpresa ao assistir ao filme Hairspray (versão com o John Travolta) e constatar que o roteiro vai muito além de laquê, dança e juventude transviada, alienada dos anos sessenta. A trama me surpreendeu por ser engajada em causas como preconceito e segregação racial. Fiquei louca para ver o musical da Broadway que estreou ontem aqui no Rio. E adorei!

A história mostra vida de Tracy, uma adolescente gordinha, que deseja ser famosa participando de um programa de dança na TV. Surge uma oportunidade e ela vai atrás de seu sonho. Mesmo não correspondendo ao perfil de garotas que entram para o Corny Collins Show, ela é escolhida devido a sua persistência, coragem e talento com o chacoalhar de seus quadris.

A naturalidade como a protagonista se mostra aberta e interessada na integração com os jovens negros, até então limitados a dançarem em um único dia no mês, intitulado ‘O Dia do Negro’, sensibiliza. E irrita a produtora do programa, Velma, mãe de Amber, o exemplo de ‘garota popular’ norte-americana – loira e linda, mas fútil e má. Aliás, Velma é pior ainda.

A ex Miss-Caranguejão faz de tudo para que Tracy saia do programa e não seja concorrente de Amber no concurso Miss Haispray 1962. Ela joga sujo, inclusive, usando como armas sua beleza e sensualidade, crueldade e desrespeito às diferenças. O filme e o musical evidenciam com poucas divergências na adaptação que o amor e o sucesso vão muito além de padrões estéticos e cor de pele.

No final, o bem prevalece e Tracy conquista o público e o coração de Link, o bonitão do programa, antigo affair de Amber. E sua amiga Penny, subverte o comportamento racista da época e dança com Seaweed na televisão pela primeira vez. A única coisa que preferi no Blockbuster foi o fato de Inez ter podido participar da disputa e assim ter dado um resultado diferente às expectativas já preparadas para o óbvio.

Para conhecer mais todos esses personagens e essa história envolvente sugiro que assistam a Hairspray no Oi Casa Grande, no Shopping Leblon, ou em casa, no DVD, enquanto o espetáculo não chega a sua cidade. O elenco brasileiro está dez! - Simone Gutierrez e Jonatas Faro arrasaram em seus papéis. São praticamente duas horas de muita música e coreografias que vão ficar na sua memória por muito tempo.

O laquê é só o pano de fundo para o que realmente importa, o que não é supérfluo, nem superficial. O conteúdo vale muito mais sempre - é o que fica, mesmo depois de lavados os cabelos... (falando em ficar, em homenagem à ruivinha, uma pérola: "Depois que provei o chocolate, não mudo nem a pau!" - excelente). Assistam, é para toda a família. “Oh, Baltimore...”

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