Sinto-me extremamente culpada em não saber espanhol. Nunca é tarde, é verdade, e, mais do que nunca, percebo o quanto fui tola em (ainda) não ter aprendido o idioma. Pela proximidade, pelas raízes latinas que nos unem... o importante é manter os laços, valorizar o que é nosso, a cultura – nosso bem maior, aquilo que jamais nos roubarão.
Essa sensação veio à tona após eu assistir ao excelente documentário “South of the Borther”, de Oliver Stone. Um soco no estômago dos norte-americanos. O registro de uma América Latina de esquerda, forte, unida, feliz e DEMOCRÁTICA sim, apesar das especulações contrárias. Fica a dica para quem não viu e quer se inteirar sobre o esse processo histórico que está acontecendo agora por aqui.
É a primeira vez que temos um indígena, mulheres, um metalúrgico, um ex-bispo e um militar no comando de importantes países no cenário político mundial, uma vez que suas riquezas e seu mercado em potencial muito interessam os Estados Unidos, que controlam (mesmo que indiretamente) do FMI ao Conselho da ONU. Sobre essa liga, lamento o Chile ter dado um passo atrás e seu atual presidente não estar mais entre ‘nós’.
Antes, eram somente Cuba e Venezuela sozinhas nesta luta, isoladas e à mercê de tentativas de golpes. Agora, juntam-se Equador, Paraguai, Brasil, Argentina e a Bolívia. Nossos governantes sabem da importância e estão empenhados na manutenção dos laços estreitos, o mercado interno aquecido, e as empresas yankees afastadas para que se prospere e que nos fortaleçamos como um bloco respeitável e de valor.
Segundo Raul Castro, sucessor de Fidel e então presidente cubano, não há apadrinhamento. (Esses outros países que depois se juntaram aos ideais socialistas, bolivarianos e revolucionários) “Não são herdeiros de nossas sobras”, diz ele. Foi a força dos cubanos, na sua liga explosiva de espanhóis com africanos, e o exemplo de Hugo Chávez que os inspiraram e os conduziram naturalmente para um movimento de aversão ao neoliberalismo imposto pelos Estados Unidos ao mundo.
“Poder absoluto é sempre ruim”, e essa frase do falecido ex presidente argentino Néstor Kirchner só reafirma a teoria de que boas alianças são o melhor caminho para um futuro político mais próspero. E, nesse sentido, segundo Lula, Barack Obama tem difíceis desafios pela frente (em seus próximos dois anos de mandato), entre eles aliviar o bloqueio a Cuba, trabalhar pela paz no Oriente Médio e aproximar-se mais amigavelmente de Chávez.
Tariq Ali, escritor e ativista paquistanês, um dos interlocutores do filme, enfatiza o fato de os hispânicos que vivem hoje em território estadounidense serem muitos. E, num momento utópico, não descarta a possibilidade de uma ponte com eles, e, no sentido contrário, um regresso a suas origens. “Eu morro, mas um dia voltarei como milhões”, sacramentou Tupac Katari ao ser brutalmente assassinado em defesa dos interesses de seu povo. Evo Morales citou a frase do (outro) líder boliviano para enfatizar que a hora chegou. Esse instante parece ser agora.
Pensei nessas palavras de Victor Hugo para o nosso agora, afirmando ser mais poderosa que todos os exércitos do mundo, a noção de que chegou a hora. Vamo que vamo! A união faz a força. E mesmo com a oposição da mídia, que tenta, mas não consegue conter a vontade do povo. Em 95% dos casos, fez campanha contra a eleição dos esquerdistas sulamericanos – que, mesmo asism, acabaram chegando ao poder. Só dependem de nós as mudanças. “Com otimismo, fé e esperança um mundo melhor é possível, Oliver!” – faço das palavras de Chávez as minhas.
Boa época. Presságios de um novo tempo.... e do nosso jeito. “Derrota tras derrota hasta la victoria final”. Aliás. Che estaria orgulhoso de ver o resultado desse processo iniciado também por ele. Valeu, Grazi!
E encerro, não com a música de nome gringo que entitula tal postagem, mas com as fortes palavras do poeta gaúcho Leonardo, respeitado compositor dos pagos. O trecho é da canção "América Coração", esta traduz bem meu pensamento, tudo o que sinto (e não estou sozinha - ainda bem!):
América do Sul querida
América do sol da vida
América do céu azul
América do Sul
Diga ao Tio que nos visita
que somos todos parentes
somos negros, índios, brancos
federais, inconfidentes
somos a força do mundo
arrastando uma corrente
se as vezes nos faltam armas
temos a força da mente
só Deus pode calar
a voz de um povo valente
mas diga, que antes de tudo
não temos cor, somos gente!
E encerro, não com a música de nome gringo que entitula tal postagem, mas com as fortes palavras do poeta gaúcho Leonardo, respeitado compositor dos pagos. O trecho é da canção "América Coração", esta traduz bem meu pensamento, tudo o que sinto (e não estou sozinha - ainda bem!):
América do Sul querida
América do sol da vida
América do céu azul
América do Sul
Diga ao Tio que nos visita
que somos todos parentes
somos negros, índios, brancos
federais, inconfidentes
somos a força do mundo
arrastando uma corrente
se as vezes nos faltam armas
temos a força da mente
só Deus pode calar
a voz de um povo valente
mas diga, que antes de tudo
não temos cor, somos gente!
No comments:
Post a Comment