Quando eu era criança, odiava quando, brincando no mar, pisava e ficava com o pé todo sujo de piche. Era horrível (um parto!) tirá-lo da pele. Viscoso, colava que nem chiclete! - muito pior... Mal sabia eu o que era, de verdade, e que estava ali, no litoral, oriundo de algum navio, ou vazamento como esse de agora.
Há 18 dias, dezenas de milhares de litros de petróleo jorram sem parar das profundezas do mar do Golfo do México, nos Estados Unidos, em direção à superfície. Um desastre ecológico lastimável, mas, principalmente, um alerta político ao presidente Barack Obama.
Dizem que o acidente na plataforma Deepwater Horizon, administrada pela companhia British Petroleum (BP), ocorreu devido a uma falha técnica associada a erro humano: a tripulação teria demorado a acionar os equipamentos de segurança. E ainda questionam as autoridades locais por não terem tomado as devidas providências com a urgência necessária.
A Louisiana sofreu enorme crise em 2005, quando foi atingida pelo furacão Katrina. Na época, o então presidente George W. Bush foi severamente criticado por seu descaso. Agora, Obama está na mira da opinião pública, que vai avaliar sua conduta diante deste novo incidente. Pressionado, fez uma visita oficial à região, que ainda se recupera dos danos do passado.
Alguns estados norte-americanos como Alabama, Flórida, Louisiana e Mississippi já decretaram estado de emergência. Os números oficiais apontam para o vazamento de cinco 5 mil barris diários, mas alguns especialistas acreditam que esse número possa chegar a 20 mil. Façam as contas: tendo cada barril 159 litros, isso equivale a mais de três milhões de litros todos os dias! MUITA coisa.
O petróleo, por sua densidade, flutua na água salgada, e, com base em imagens de satélite e índices de medição, especialistas do setor podem avaliar a extensão do problema. Infelizmente, não se mostram otimistas, pois a área já triplicou desde quando teve início esse escoamento. 16 milhões de litros de petróleo já estão boiando sob os mares estadounideneses.
O mau tempo atrapalha os trabalhos no local atingido. As marés estão empurrando as barreiras absorventes colocadas para conter o avanço da mancha para a costa. E, apesar dos 300 navios, 6,5 mil quilômetros de cordões de isolamento, e seis mil pessoas engajadas na tentativa de contenção da mancha negra, o sucesso não é total.
A empresa britânica reconhece que encontra dificuldades tecnológicas para conter o vazamento. Segundo ela, a válvula deveria ter se fechado automaticamente quando a plataforma explodiu, matando 11 funcionários e afundando em chamas. Mas isso não ocorreu. Segue a corrida contra o relógio para conter a força do ouro negro que está sendo desperdiçado, poluindo o meio-ambiente.
A última tentativa de solucionar o problema não deu certo. A gigantesca cúpula de aço foi retirada do solo marinho devido à descoberta de cristais de gelo em seu interior, formados devido às baixas temperaturas a mais de 1.500 metros de profundidade, o que obstruiu a abertura por onde seria extraído o óleo diretamente para um navio. Agora estão pensando em alternativas para reutilizar essa mesma estrutura, desentupindo com metanol esse canal.
Seus gastos em esforços para travar o derrame e em indenizações aos Estados da costa sul dos EUA já chegam a 350 milhões. E esse valor é inversamente proporcional ao de suas ações, que já desvalorizaram 17%. Foi decidido que a empresa proprietária da plataforma terá de arcar sozinha com os custos dos danos causados e pagar compensações pessoais, materiais e por perdas comerciais a todos os cidadãos da zona afetada pela maré negra.
Para tentar driblar suas responsabilidades, a BP ofereceu uma recompensa a quem se disponibilizasse a ajudar na limpeza: 1.500 dólares diários, em troca da renúncia dos pescadores a tomarem qualquer posição legal contra a empresa. Mas autoridades do Alabama denunciaram a proposta, e o texto do contrato foi alterado. Por não poderem iniciar a temporada da pesca apanha de camarão - que vai de Maio a Setembro, eles seriam os principais candidatos.
Com o desastre, importantes rotas de transporte marítimo, áreas pesqueiras, refúgios nacionais de fauna silvestre e praias populares estão no caminho da sopa de petróleo. Uma indústria pesqueira que movimentava 1,8 bilhão de dólares (e perde apenas para a do Alasca) está parada. As autoridades dos EUA suspenderam toda a pesca nas águas federais afetadas pela mancha.
A região litorânea do Golfo do México abriga centenas de espécies de fauna silvestre, incluindo peixes-bois, tartarugas marinhas, golfinhos, baleias, lontras, pelicanos e outras aves. Ali é também uma das áreas pesqueiras mais férteis do mundo, repleta de camarões, ostras, mexilhões, caranguejos e peixes.
O tamanho do estrago até agora: uma área quatro vezes maior que o tamanho da cidade do Rio de Janeiro, e danos ambientais incalculáveis às mais quatro mil espécies costeiras da região, que dependem do ecossistema do estuário e da foz do rio Mississipi.
NÃO QUER CALAR:
Algo eficaz precisa ser feito o quanto antes. Em pouco tempo, esse poderá ser considerado o MAIOR desastre ambiental dos Estados Unidos, ultrapassando o do petroleiro Exxon Valdez, no Alasca, há 20 anos. Foram despejados naquelas águas frias cerca de 40 milhões de litros de petróleo e até hoje ainda se sentem os prejuízos ao meio-ambiente.
Documentos iniciais indicam que a petrolífera britânica não tinha preparo suficiente para o caso de uma explosão do porte da que ocorreu. Mas ACONTECEU. E agora? Antes que dê mais merd*, o governo suspendeu a perfuração de novos poços na costa do país até que sejam concluídas investigações sobre o vazamento.
Não seriam justamente eles os responsáveis por isso, uma vez que concederam à BP a possibilidade de extração em seu solo, mesmo não tendo esta condições para tanto? O quanto se difere um erro desses, nessas proporções, a tantos outros cometidos por diferentes países, e foram tão condenados pelos EUA?
Pensemos e lembremos disso. Dessa vez, o buraco é mais em cima...
Há 18 dias, dezenas de milhares de litros de petróleo jorram sem parar das profundezas do mar do Golfo do México, nos Estados Unidos, em direção à superfície. Um desastre ecológico lastimável, mas, principalmente, um alerta político ao presidente Barack Obama.
Dizem que o acidente na plataforma Deepwater Horizon, administrada pela companhia British Petroleum (BP), ocorreu devido a uma falha técnica associada a erro humano: a tripulação teria demorado a acionar os equipamentos de segurança. E ainda questionam as autoridades locais por não terem tomado as devidas providências com a urgência necessária.
A Louisiana sofreu enorme crise em 2005, quando foi atingida pelo furacão Katrina. Na época, o então presidente George W. Bush foi severamente criticado por seu descaso. Agora, Obama está na mira da opinião pública, que vai avaliar sua conduta diante deste novo incidente. Pressionado, fez uma visita oficial à região, que ainda se recupera dos danos do passado.
Alguns estados norte-americanos como Alabama, Flórida, Louisiana e Mississippi já decretaram estado de emergência. Os números oficiais apontam para o vazamento de cinco 5 mil barris diários, mas alguns especialistas acreditam que esse número possa chegar a 20 mil. Façam as contas: tendo cada barril 159 litros, isso equivale a mais de três milhões de litros todos os dias! MUITA coisa.
O petróleo, por sua densidade, flutua na água salgada, e, com base em imagens de satélite e índices de medição, especialistas do setor podem avaliar a extensão do problema. Infelizmente, não se mostram otimistas, pois a área já triplicou desde quando teve início esse escoamento. 16 milhões de litros de petróleo já estão boiando sob os mares estadounideneses.
O mau tempo atrapalha os trabalhos no local atingido. As marés estão empurrando as barreiras absorventes colocadas para conter o avanço da mancha para a costa. E, apesar dos 300 navios, 6,5 mil quilômetros de cordões de isolamento, e seis mil pessoas engajadas na tentativa de contenção da mancha negra, o sucesso não é total.
A empresa britânica reconhece que encontra dificuldades tecnológicas para conter o vazamento. Segundo ela, a válvula deveria ter se fechado automaticamente quando a plataforma explodiu, matando 11 funcionários e afundando em chamas. Mas isso não ocorreu. Segue a corrida contra o relógio para conter a força do ouro negro que está sendo desperdiçado, poluindo o meio-ambiente.
A última tentativa de solucionar o problema não deu certo. A gigantesca cúpula de aço foi retirada do solo marinho devido à descoberta de cristais de gelo em seu interior, formados devido às baixas temperaturas a mais de 1.500 metros de profundidade, o que obstruiu a abertura por onde seria extraído o óleo diretamente para um navio. Agora estão pensando em alternativas para reutilizar essa mesma estrutura, desentupindo com metanol esse canal.
Seus gastos em esforços para travar o derrame e em indenizações aos Estados da costa sul dos EUA já chegam a 350 milhões. E esse valor é inversamente proporcional ao de suas ações, que já desvalorizaram 17%. Foi decidido que a empresa proprietária da plataforma terá de arcar sozinha com os custos dos danos causados e pagar compensações pessoais, materiais e por perdas comerciais a todos os cidadãos da zona afetada pela maré negra.
Para tentar driblar suas responsabilidades, a BP ofereceu uma recompensa a quem se disponibilizasse a ajudar na limpeza: 1.500 dólares diários, em troca da renúncia dos pescadores a tomarem qualquer posição legal contra a empresa. Mas autoridades do Alabama denunciaram a proposta, e o texto do contrato foi alterado. Por não poderem iniciar a temporada da pesca apanha de camarão - que vai de Maio a Setembro, eles seriam os principais candidatos.
Com o desastre, importantes rotas de transporte marítimo, áreas pesqueiras, refúgios nacionais de fauna silvestre e praias populares estão no caminho da sopa de petróleo. Uma indústria pesqueira que movimentava 1,8 bilhão de dólares (e perde apenas para a do Alasca) está parada. As autoridades dos EUA suspenderam toda a pesca nas águas federais afetadas pela mancha.
A região litorânea do Golfo do México abriga centenas de espécies de fauna silvestre, incluindo peixes-bois, tartarugas marinhas, golfinhos, baleias, lontras, pelicanos e outras aves. Ali é também uma das áreas pesqueiras mais férteis do mundo, repleta de camarões, ostras, mexilhões, caranguejos e peixes.
O tamanho do estrago até agora: uma área quatro vezes maior que o tamanho da cidade do Rio de Janeiro, e danos ambientais incalculáveis às mais quatro mil espécies costeiras da região, que dependem do ecossistema do estuário e da foz do rio Mississipi.
NÃO QUER CALAR:
Algo eficaz precisa ser feito o quanto antes. Em pouco tempo, esse poderá ser considerado o MAIOR desastre ambiental dos Estados Unidos, ultrapassando o do petroleiro Exxon Valdez, no Alasca, há 20 anos. Foram despejados naquelas águas frias cerca de 40 milhões de litros de petróleo e até hoje ainda se sentem os prejuízos ao meio-ambiente.
Documentos iniciais indicam que a petrolífera britânica não tinha preparo suficiente para o caso de uma explosão do porte da que ocorreu. Mas ACONTECEU. E agora? Antes que dê mais merd*, o governo suspendeu a perfuração de novos poços na costa do país até que sejam concluídas investigações sobre o vazamento.
Não seriam justamente eles os responsáveis por isso, uma vez que concederam à BP a possibilidade de extração em seu solo, mesmo não tendo esta condições para tanto? O quanto se difere um erro desses, nessas proporções, a tantos outros cometidos por diferentes países, e foram tão condenados pelos EUA?
Pensemos e lembremos disso. Dessa vez, o buraco é mais em cima...
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