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Friday 23 April 2010

o buraco foi mais em cima


Anteontem comemoraram os 50 anos de Brasília. Eu não.

No "clima", vi na TV inúmeros programas especiais, reportagens e documentários a respeito, bastante interessantes até, mas admito ter um mega ranço quanto a assunto, e não me envergonho em assumí-lo – nem um pouco, e nem em tempos tão festivos. NINGUÉM me tira da cabeça que a (nem tão) nova capital do país foi a maior lavagem de dinheiro da História!

A intenção de levar o poder e vida (movimentação) para o ‘coração’ do Brasil foi boa, não nego, tampouco ignoro, mas a questão de tirar do centro – no caso, o Rio de Janeiro, o foco do que está acontecendo, do alcance do povo, é intrigante, relevante, questionável e sempre será motivo de críticas. As minhas, pelo menos, sempre serão colocadas sobre.

O projeto audacioso dos arquitetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer também foi louvável, não posso ignorar sua vanguarda e ineditismo. O problema todo é o quê político da mudança. Brasília é um exemplo bem-sucedido, mas de SEGREGAÇÃO. Uma cidade que não foi feita para se andar a pé, para se conviver somente entre quadras (condomínios), em que tudo é divido por setores – não se misturando as pessoas e serviços, desculpa, mas não me agrada. Limita. Parece a Barra... Detesto!

Ok, ela foi feita para receber o poder central do Brasil, seus representantes etc., então tudo bem pensarmos ‘utopicamente’ que tudo se manteria como na ideia original, mas (como sempre!) esqueceram de uma “coisa”: do povo. Os candangos que construíram a cidade, oriundos de lugares paupérrimos, vendo ali a possibilidade de prosperar, JAMAIS iriam voltar às suas origens. Como poderiam ter ignoraram esse grandioso ‘detalhe’ (do comportamento humano, social e econômico de uma realidade como a nossa)? Mais uma vez deram condições para a marginalização de pessoas (ou acharam que só ficariam ali senadores, ministros, embaixadores, diplomatas, o presidente e suas famílias?). E, assim, foi criada por esses operários, logo após sua inauguração, uma periferia, fora do plano-piloto, pois para eles nada foi planejado...

Um fator importante para meu desgosto foi que esse passo para o progresso, como viam tal construção no auge dos “Anos Dourados”, foi a verdade um tiro no pé se pensarmos na dívida externa. Em plenos anos 50 – fase do “The Great American Celebration" norte-americanos, cruciais para determinar o futuro político e econômico mundiais, contrair um débito de ‘cinquenta anos em cinco’ (plano de metas do então presidente Juscelino Kubitschek, realizador da porr* toda), enfraqueceu quaisquer possibilidades de mais liberdade – muito necessária no período. Gerou maior dependência.

Os governos seguintes, de Jânio Quadros e João Goulart (o Jango), que pagaram o pato – este último tendo que, involuntariamente, entregar o poder nas mãos dos militares, subordinados à ideologia estadounidense. Uma pena, claro. Mal a cidade tinha sido erguida com um ideal, e por mais de duas décadas acabou hospedando não-civis. ‘Ironicamente', foi justamente quem mais está acostumado com divisão, em sua hierarquia de patentes, moral etc. Repulso a carreira – essas forças armadas (literalmente).

Bom, passado o tempo... e os ânimos contidos, pode-se dizer, enfim, que já existe um ciclo geracional completo por lá. Arriscaram até em dizer na televisão (pelo o que conta alguém escreveu uma tese, inclusive) que os brasilienses já possuem seu próprio sotaque, depois de anos de um híbrido de falas de procedências múltiplas, essa mistura parece que resultou numa forma própria linguítica. Na música, foram mais rápidos em criar uma nova leva de artistas, e de começar um rock de questionamentos sociais, mais engajado, que buscava uma identidade, razões de ser.

Só consigo me lembrar agora da memorável pergunta de Renato Russo: “Que país é esse?”. E termino por aqui, com possibilidades infelizes para tanto, e não satisfeita por cinqüentenário algum. Bodas de prata é o caralh*! Queria ver era terem direcionado o mesmo montante gasto no Planalto Central para construção de um complexo populacional para quem REALMENTE precisa... Gostaria, sim, de ter visto ISSO ter acontecido, saído do papel, e estar, orgulhosa, presenciando, agora, seu meio século de existência.

Uma ressalva: com tanta distância e dificuldades geográficas, minha SALVA DE PALMAS sim, relativo à Brasília, àqueles que (PODEM/CONSEGUEM e) se mobilizam, e se deslocam até lá para manifestações. Isso apaludo de pé.

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