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Thursday 13 August 2009

o protocolo da felicidade


Mal cheguei (atrasada, 'para variar') na conversação de inglês e já me entubam a pergunta: “Do you believe in marriage?” Putz, calma. São muitos os fatores que cercam essa questão. Depois, veio outra bomba: “ How choose the right person to get married to?”. Piorou. Na aula, mal falei sobre o que realmente penso, e o que coloquei já chocou metade da turma.

Depois, em casa, liguei a tevê e começou um filme sobre uma mulher apaixonada pelo chefe, alucinada por casamentos e tal. De novo o tema me fazendo pensar a respeito. Chorei lá pelas tantas (manteiga derretida, né?! – ascendente em câncer... É foda!). Certas circunstâncias do enredo me tocaram e pensei em escrever sobre isso.

Vou abordar aqui alguns quês importantes dessa instituição para mim, uns sobre os quais nem consegui versar em outra língua devido a sua complexidade, e também falta de intimidade com aquelas pessoas, admito. Vou ordenar conforme for lembrando dos argumentos, mas sem me preocupar com sua maior ou menor relevância no meu contexto – diga-se de passagem.

Família – Constituir uma família é bacana. Esse é um dos motivos do casamento. E acredito que, levando-se em consideração isso, a religião desempenhou papel fundamental no sacramento e na organização da sociedade. Já imaginaram quantos filhos sem pai teriam por aí se não fosse a ‘obrigatoriedade’ de casar no caso de engravidar a moça?! Pois é. No passado isso ainda colava, mas hoje é um oba-oba sem fim. E existem milhões de filhos de *estrelinhas* Brasil afora.

Desgarrar – Quem casa quer casa (já dizia nossos avós). Sair da casa dos pais é tarefa árdua para muitos indivíduos e o casamento serve de pretexto para que esse passo seja dado, acreditam nisso?! Dizem por aí que isso ainda acontece. As oportunidades estão aí – sejam profissionais, de estudo etc. Na verdade, prefiro pensar que o propósito maior não seja esse e sim o amor (mas isso é OUTRO tópico já).

Amor – Eu acredito. Não incondicionalmente, porque sou uma romântica calejada pelos tropeços que já dei na vida, mas confesso que ainda assim confio nesse sentimento, nesse sentido, razão etc. Não consigo imaginar alguém sendo feliz sozinho até o fim dos dias. É inconcebível para mim. Durante um tempo, ok, mas é tão bom ter com quem dividir as alegrias e as tristezas, as contas, o cobertor. Não entendo como alguém com idade e condições suficientes não arrisca e experimenta viver com quem ama. Tudo bem que a rotina e o cotidiano desgastam qualquer relação, mas há fases e fases. Nem tudo são rosas, mas o amor mostra sua intensidade e veracidade justamente nesses momentos. Penso num casamento ‘aberto’ ser o ideal (como? - cada um morando na SUA casa, mas dormindo juntos SEMPRE – ou QUASE SEMPRE, mas sem traição - ao meu ver).

Filhos – Essa é uma questão delicada - para a mulher, pelo menos. Temos ‘prazo‘ para isso. Não podemos ficar num eterno casa-descasa, namora-não casa. Claro que temos a opção de termos filhos sozinhas, sem a presença constante de um pai, mas não vejo isso como bom para nenhum dos lados. Pensão não dá carinho nem afeto à criança. E afirmo isso mesmo sendo eu crédula na eficácia desse sistema quanto ao cumprimento das responsabilidades (financeiras – deixo bem claro) paternas, nos casos perdidos, ausentes, insensíveis. Sou filha desse sistema e só pude concluir minha faculdade, por exemplo, devido a esse auxílio extra. Não seria mais fácil se os casais levassem isso REALMENTE a sério, considerando a criação de seus filhos?! Com certeza seria melhor se brincassem menos de casinha, tendo maior tolerância com as diferenças e mais calma nos períodos ruins. Os cidadãos de amanhã agradeceriam muito. De verdade. Não vejo, no entanto, a obrigação do casamento como solução no caso de uma gravidez indesejada. Não é isso. Aliás, sou radical e daria fim à situação, pelo bem de todos. Não enxergo futuro num enlace nessas circunstâncias. Golpe da barriga não cola também, só cai quem quer. A glória seria se todos usassem camisinha, não é?! E encerro o tópico aqui.

Solidão – Nossa, foi dito isso por alguém... Medo de ficar para titia, encalhar? Esse fantasma assombra mais as mulheres. Mas se há em todos um receio de envelhecer e ficar sozinho? E COMO! É bem certo que a maturidade (socialmente e contemporaneamente falando) cai melhor aos homens e isso vale mais justamente para quem já atingiu certa faixa etária, e por infelicidade não encontrou, desencontrou ou perdeu seu ‘certo alguém’. Acontece. Em meio a isso tudo ainda há diversas almas soltas por aí que não se bastam e só vêem no outro a possibilidade de serem felizes. Ou seja, não conseguem conviver consigo mesmas e precisam do outro ao seu lado para se completarem. Quando isso acontece, só torço para que esses seres não sejam tão imediatistas a ponto de, sem critérios, pegarem qualquer um por aí, achando que este é a última bolacha do pacote. Também não é para tanto! – em meio à crise no mercado, ainda é possível dar uma selecionada nos pretendentes. Só não pode ser MUITO exigente, porque se não, acaba-se sozinho MESMO. Para ser sincera, não vejo como saudável esse grau de carência, mas cada um na sua. Tem louco pra tudo.

Celebridades – Esses vivem num mundo à parte quanto ao casamento. Casam e descasam com a maior facilidade. Alguns por conveniência ou marketing, outros por questões morais – afinal, é feio para um artista consagrado (que tem zilhões de pessoas dando em cima, afim, humilhando-se e pagando pra levar) ficar pegando geral por aí, descaradamente. O público age com hipocrisia suficiente para apontar e discriminar aqueles cujo comportamento não condiga com os padrões ‘éticos’ impostos por sua sociedade. Não que ninguém rejeite a idéia de um harém, mas viver essa realidade é bem diferente. É mais fácil casar, fazer a coisa certinha, como manda o protocolo, e depois se separar e partir para outra. Essa conduta não ferra ninguém, mas a fama pega, ah, se pega...

O outro – Peça elementar em qualquer relação. E como este deve ser para que possa viver contigo, em princípio, o resto da vida? Sincero, companheiro, gentil, fiel (no sentido mais amplo da palavra, ou seria leal?), admirável, carinhoso, batalhador, honesto, bom de cama (não sei por que causa alvoroço tal revelação! Gente, é para valer, para se viver junto, em harmonia, e eu acho IMPORTANTÍSSIMO SIM que a transa seja boa entre as partes – assim como o beijo). Se a pessoa vai ser ‘o pai dos meus filhos’, já é OUTRA história. Não nego: gostaria que fosse. Bom se essa história fosse vivida em partes, curtindo cada etapa... primeiro o namoro, o casamento, depois os filhos e por fim os herdeiros disso tudo – netos, bisnetos etc. Quero muito ser vó (mas antes preciso ser mãe e antes de tudo ainda preciso arranjar alguém que cuide de mim). Acho essencial para o casal que, antes dos filhos, o casamento seja curtido – viagens, festas, casa, amigos, liberdade, sonhos. Depois, a realidade. Se eu pudesse escolher, optaria por alguém que me ame mais do que eu a ele, uma pessoa que me ligue e que ligue para mim (verbos distintos em seu significado), que me respeite como a mulher que sou, que estiveja disposto a tentar comigo uma vida, e não um conto de fadas. Convicção para mim é fundamental.

Divórcio – Hoje, infelizmente, já não são mais feitos casamentos como os de antigamente. Já se casa pensando-se no fim. Existem vários tipos de ‘contratos’, ou melhor, acordos pré-nupciais estipulando como será quando romperem. Já se antecipa a tragédia. Entendo que em muitos casos seja REALMENTE necessário, porque os golpistas estão aí de plantão esperando darem bobeira, mas isso atinge finíssima fatia da população. Os amantes estão mais desacreditados no amor e intolerantes. Já falei sobre isso, mas repito. Seria ideal se as pessoas confiassem mais em seus sentimentos e nos outros, e investissem mais em suas relações, dando o melhor de si a elas, ao outro, a si mesmas.

Oficialização – Essa é a parte boa. Quem nunca pensou em poder comemorar devidamente uma união feliz e estável? Não tem coisa melhor que poder fazer isso dando à pessoa que está do seu lado todos os direitos que a ela cabem como sua companheira. Junto, vem os deveres, claro, mas eles estão no pacote. Fazer uma cerimônia justa, dar uma festa de arromba anima qualquer um. As mulheres, então, ADORAM essa possibilidade. Alguns apaixonados (na maioria apaixonadAs) preferem ainda trocar seu sobrenome e assumir o nome do cônjuge como seu. Não acho isso errado, mas complicado em termos burocráticos – aliás, digam-me o que não é enrolado nesse país! Não sonho com isso para mim, mas acho bonito, digno e pensando bem viveria isso numa boa - já passei por um noivado formal e encararia outra vez toda formalidade, protocolo. É um rito de passagem como tantos outros que já vivemos, ou nos quais ainda vamos (nos) presenciar. Acho válido aproveitar isso se possível. Para mim nada mais é que uma prova de amor como qualquer outra, é um investimento a mais que se faz na relação a dois. Tem festa de tudo o que é valor, cerimônias diversas para gostos e bolsos diferentes. Aqui junto vem toda o "circo" de vestido, buquê, bufê, alianças, lista de presentes, de convidados, aluguel de salão, equipe de foto e filmagem, igreja. carro para arrastar muitas latinhas por aí, e também a lua-de-mel... (ah, a lua-de-mel... !) Que bom se todos pudessem viajar para Fernando de Noronha, Bali, Veneza ou Paris. Ficaríamos todos mais satisfeitos ao dizer o ‘sim’, e ter em algum lugar espetacular como esses que citei, os primeiros dias do resto de nossas vidas. Esse é um sonho que pode ser vivido.

É óbvio: questiono-me sempre se isso se faz necessário em nossas vidas. Não sei, só acho que, como tudo, merece ser vivido sem culpas, com vontade (se assim o for), intensamente, honestamente. O protocolo permite hoje arrependimentos, a volta atrás, novas chances. Que sejam felizes para sempre, então - na eternidade que durar a felicidade. Sarava, Vinícius!

1 comment:

  1. Ulisses Nogueira19 August 2009 at 12:44

    Assino embaixo, Vanessa. Olha que legal, algumas idéias de Sartre:

    "O ser Para-si só é Para-si através do outro". Cada pessoa, embora não tenha acesso às consciências das outras pessoas, pode reconhecer neles o que têm de igual. Por mim mesmo não tenho acesso à minha essência, sou um eterno "tornar-me", um "vir-a-ser" que nunca se completa. Só através dos olhos dos outros posso ter acesso à minha própria essência, ainda que temporária. Só a convivência é capaz de me dar a certeza de que estou fazendo as escolhas que desejo. Por outro lado, "o inferno são os outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretização de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar sua convivência. Sem eles o próprio projeto fundamental não faria sentido.

    Bjs, Ulisses.

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